quarta-feira, 30 de março de 2011

árvores










Fui em busca de árvores. Do cheiro a terra. Escorrei na ponte sobre o riacho, apanhei sementes secas e folhas. Planeio sempre um herbário. Talvez seja tempo de me deixar de planos. Concretizar. Sim, concretizar. Dá medo caminhar sozinha. Ouvimos os nossos passos.

quinta-feira, 17 de março de 2011

mães de netos



Agora que ia escrever sobre dois filmes sobre avós, apercebi-me que na última mensagem falava da memória de um avó. Não é intencional, mas não consigo deixar de pensar nestes dois filmes - um na Coreia, outra nas Filipinas - com uma profunda ligação. E inesquecíveis mulheres velhas. Velhas, de rosto marcado, frágeis fisicamente, mas de terrena (arbórea) força. O título do filme de Lee Chang-dong pode enganar um pouco, «Poesia». Há uma dureza muito grande nas vidas deste filme, mas ao mesmo tempo uma pessoa que se deixa ainda encantar pela beleza do mundo - sendo, a cada passo, obrigada a regressar à realidade. «Lola» de Brillante Mendoza deixa, por sua vez, em mente o profundo rosto da avó Lola - a sua busca num pequeno barco pelas zonas ribeiras de dinheiro emprestado para prestar uma última homenagem ao neto. A cena da vela que tenta acender num dia de ventania, fica. Fica connosco.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Halldór Laxness

Fez-me pensar no meu avô, este livro. Quem o leu saberá da sua dureza, da inflexibilidade, mas também da força e inteireza do protagonista Bjartur. Eu não sabia, é claro. Foi uma descoberta este Gente Independente de Halldór Laxness. Exacto e incomplacente no retrato humano, de súblito Laxness envolve-nos da paisagem islandesa. Há depois, em paralelo com o realismo (a pobreza, a fome, o tudo que muda, sem que nada mude), há, dizia, um paralelo entre tudo isso e o regresso dos fantasmas e figuras mágicas nórdicas que habitam o espaço físico e mental das personagens.
(Meu deus... ainda há grandes escritores.)

Título: Gente Independente
Autor: Halldór Laxness
Edição: Cavalo de Ferro, Junho 2007