terça-feira, 21 de agosto de 2012

coser

Lá em casa sempre foi proibido tocar na máquina de costura. Lembro-me de observar a agulha e imaginar o dedo cosido a linha. Este verão a máquina ali estava, ao acesso, agora sem barreiras - apenas as da memória.  Enfiar a linha, encher a canela, acertar pontos largos e estreitos, debruar. O espaço da Rosa Pomar é um mimo, entre tecidos e lãs parece que subimos (fica num segundo andar de inclinadas escadas de madeira) até um outro pequeno mundo - em que o fazer (com as próprias mãos) é ainda o mais importante.

(Fiz uma almofadinha de alfinetes, é claro que o T. lhe descobriu outra utilidade - tornou-se a  almofada para a sesta da tartaruga-amélia...)

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Em busca de flamingos...


Em busca de flamingos encontrámos garças, guinchos, pernas-longas, águias de asa redonda, andorinhas, garças. Uma árvore carregada de garças, brancas e serenas. Os flamingos, tranquilos pela nossa distância, continuarem caminhando sobre a água com movimentos de bailarinha. Hoje dei por mim a tentar reconhecer o cantos dos pássaros na cidade...












segunda-feira, 14 de maio de 2012

violetas

Já ouve um tempo em que tudo secava. Agora espreitam-me cheias de vida, e pergunto baixinho: estão felizes aqui?

vento e abismo

Uma nova versão de «O Monte dos Vendavais»? Não resisto, claro. Gostei da dureza da paisagem, importante para compreender a força da natureza nas próprias personagens. Lamacento, sempre sob uma forte neblica, chuvoso, e o vento claro. Como uma voz, o vento. Muito desesperada esta versão... Como uma obsessão até ao abismo.

Realização de Andrea Arnold.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

lendo, george eliot

«...sentia-se como se a sua alma se tivesse libertado do seu terrível conflito; já não lutava com a sua dor, mas podia tê-la ao seu lado como uma companhia constante e compartilhar com ela os seus pensamentos. Porque os pensamentos agora acorriam em grande número. Não estava na natureza de Dorothea deixar-se ficar, para além da duração de um paroxismo, na cela estreita da sua infelicidade, na aflição aturdida de uma consciência que não vê na sorte de outrem mais do que um acidente da sua própria sorte.

...
E decidiu que a sua dor sem remédio, em vez de tolher as suas forças, deveria servir para a tornar mais útil.»
George Eliot, «Middlemarch»

terça-feira, 13 de março de 2012

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Chauvet
Caverna que já foi luz

Meio mágico (e muito poderoso) este mergulho numa caverna que já foi banhada por luz, em que homens desenhavam nas paredes. O tom narrativo de Herzog é um pouco repetitivo (e moralista), mas o seu documentário A Gruta dos Sonhos Perdidos (Cave of forgotten dreams) é uma oportunidade única para observar as mais antigas pinturas rupestres encontradas até hoje. Grutas Chauvet. O ideal seria ir lá, mas parece que o acesso só é permitido a investigadores pelo que é único o momento em que podemos observar o traço e expressão dos leões, mamutes, ursos... Se as imagens de Lascaux sempre me surpreenderam pela cor e expressividade de traço, aqui as imagens têm volume e movimento. Surpreeendente, mesmo. Há ali uma fronteira: de humanidade que nasce, de deus que toca. Como quisermos dizer. Mas uma marca muito forte de um ultrapassar de uma mera sobrevivência para uma vital necessidade de expressão.

Filme/ documentário
Título: A Gruta dos Sonhos Perdidos
Realizador: Werner Herzog