sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Bolinhos de chocolate

Tudo a olho

1 taça de açucar
6 ovos
manteiga derretida
1 taça de farinha
1 pacote em pó de chocolate

Misturar, mexer, colocar em pequenas formas em forno aquecido.
Deixá-los crescer. Tirar do forno, deixar arrefecer num tabuleiro de madeira e cobrir de chocolate derretido

O ingediente especial: T.
Enquanto mexia-e-mexia pensava no pequenito que no dia seguinte fazia quatro aninhos.
E não é que ficaram uma delícia...



quinta-feira, 13 de outubro de 2011

«O livro do sapateiro»

Um domingo vagueante. Uma livraria pequena onde encontro o pequeno livro de Pedro Tamen. O dia torna-se grande, a casa enche-se do meu silêncio, apenas porque em mente sigo este sapateiro poeta no seu labor e me deixo preencher da sua simplicidade.





«Por esta cave deserta
entram hálitos e ruídos,
verdes montanhas, cascata,
um rio de água de Verão.

Estou só eu e o martelo
e a minha mão operosa,
ou estará não sei que mundo
com a palavra ou sem ela?

E eis-me então adivinho
dos mistérios que atravessam
o janelo onde perpassa
a luz que mal me ilumina

e é o sal do meu pão. » - Pedro Tamen, O livro do sapateiro

«Penso no que de parte pus
no que afastei de sobras, desperdícios, peles,
cordas, colas, pregos, pragas
no dedo martelado

e sei agora
(ah, e quanto tempo passou
como a água da ponte
que vai a não sei onde!)
que o que de lado pus
era isso mesmo a ponte,
ponte para este concreto,
pobre mas definido,
sapato de quem o queira. » - Pedro Tamen, O livro do sapateiro

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

recorte de jornal

Ando há um tempo com este recorte de jornal na mala. Foi publicado, lido por aí, mas acho, creio que (talvez) só eu o tenha lido. Crença estranha esta. Fala de uma cidade algures na Bretanha em que a maior parte da pessoas vive do comércio livreiro. 750 habitantes, 1 padaria, 2 cabeleireiros, 18 livrarias. Bécherel é o seu nome, uma pequena vila medieval, conhecida como a Cidade do Livro. Como me fez viajar esta imagem de uma livraria na Bretanha... E se a partir de um recorte de jornal toda uma nova história acontecesse?

terça-feira, 13 de setembro de 2011

três livros

Ando ainda com três livros em mente. «O Assédio» de Arturo Pérez-Reverte foi um impulso. Estava desejosa de um pouco de aventura e história. Adoro como ficamos a conhecer as ruas de Barcelona do séc. XIX, mas neste livro Pérez-Reverte quis um pouco mostrar algo... Gosto mais da simplicidade e inteireza de «O Pintor Batalhas» - curto, com tudo o que é preciso para falar da natureza humana. «O Último Livro» foi uma consequência da pequena delícia de «A Biblioteca». E depois Liudmila Ulistkaia, uma solidez que me faz pensar em como gosto de romance e como os escritores russos me prendem, seja ou não um lugar comum dizê-lo. «O Caso Kukótski» atravessa a Rússia da revolução, mas através das pessoas. O retrato é profundo, duro - a fazer-me pensar, lá está, em Tchekov e as histórias que tudo parecem revolucionar, mas que acabam por nos levar a um circular desamparo do humano.

cheiro a mar

A vida tem acontecido fora deste espaço. É um pouco antipático dizer isto, mas nem sempre tenho conseguido voltar aqui. Gosto tanto do último post que nada me tem parecido mais enternecedor do que o olhar curioso dos meninos sobre mim. Neste dias (de escassa chuva, começo a secar sem esta pinga de chuva), foi feito em caminhadas, arrumações, planos que adio, e pequenos nadas que me tomam de mansinho. À amyau trouxe um pouco de cheiro a praia...

sexta-feira, 1 de abril de 2011

engolir felicidades

-...Té, tens um colar com todas as cores do arco-íris.

E tinha mesmo pensado nele quando o escolhi de manhã, pensei, o T. vai reparar. E reparou. Que olhos que-tudo-vêem, os deste menino...Passado uns minutos, o A. contempla-me intrigado: e sorri

- Terei eu engolido o colar?

quarta-feira, 30 de março de 2011

árvores










Fui em busca de árvores. Do cheiro a terra. Escorrei na ponte sobre o riacho, apanhei sementes secas e folhas. Planeio sempre um herbário. Talvez seja tempo de me deixar de planos. Concretizar. Sim, concretizar. Dá medo caminhar sozinha. Ouvimos os nossos passos.

quinta-feira, 17 de março de 2011

mães de netos



Agora que ia escrever sobre dois filmes sobre avós, apercebi-me que na última mensagem falava da memória de um avó. Não é intencional, mas não consigo deixar de pensar nestes dois filmes - um na Coreia, outra nas Filipinas - com uma profunda ligação. E inesquecíveis mulheres velhas. Velhas, de rosto marcado, frágeis fisicamente, mas de terrena (arbórea) força. O título do filme de Lee Chang-dong pode enganar um pouco, «Poesia». Há uma dureza muito grande nas vidas deste filme, mas ao mesmo tempo uma pessoa que se deixa ainda encantar pela beleza do mundo - sendo, a cada passo, obrigada a regressar à realidade. «Lola» de Brillante Mendoza deixa, por sua vez, em mente o profundo rosto da avó Lola - a sua busca num pequeno barco pelas zonas ribeiras de dinheiro emprestado para prestar uma última homenagem ao neto. A cena da vela que tenta acender num dia de ventania, fica. Fica connosco.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Halldór Laxness

Fez-me pensar no meu avô, este livro. Quem o leu saberá da sua dureza, da inflexibilidade, mas também da força e inteireza do protagonista Bjartur. Eu não sabia, é claro. Foi uma descoberta este Gente Independente de Halldór Laxness. Exacto e incomplacente no retrato humano, de súblito Laxness envolve-nos da paisagem islandesa. Há depois, em paralelo com o realismo (a pobreza, a fome, o tudo que muda, sem que nada mude), há, dizia, um paralelo entre tudo isso e o regresso dos fantasmas e figuras mágicas nórdicas que habitam o espaço físico e mental das personagens.
(Meu deus... ainda há grandes escritores.)

Título: Gente Independente
Autor: Halldór Laxness
Edição: Cavalo de Ferro, Junho 2007

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Lourdes Castro

O plano era falar aqui na exposição sobre Sophia. Mas o documentário que apanhei (por acaso) na RTP2 sobre Lourdes Castro - Pelas Sombras de Catarina Mourão - roubou-me à monotonia num doce fluir de águas, chuva, estações. Em torno do trabalho da artista plástica portuguesa, este documentário faz o que mais me encanta no documentário - toma-me numa temporalidade própria, como se aquele tempo, a que assisto, fosse na verdade uma vivência. Pelas sombras (e luzes) da casa, na simplicidade de quem observa o tempo passar, e não sente pressa, seguimos o olhar de Lourdes. Respigadora da vida, responde, quando lhe perguntam pela pintura, e se tem pintado:

"Vem ver a pintura que estou a fazer. Um bocado grande, não cabe em museu nenhum. E tão pequena, tão pequenina que todos que passam por aqui nem dão por isso. Uma tela com forma esquisita. O que vale é que não é preciso esticá-la. Por si só, ela está sempre pronta a receber pinceladas, ventos, estações, chuva, sol...."


Refere-se à (sua) casa, ao (seu) jardim.
Que cuida e observa todos os dias.

(Tranquilizou-me.)








Pelas Sombras
Documentário de Catarina Mourão, Portugal 2010, 83'

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

nasceu

Nasceu, nasceu!
Nasceu o A.
Pequenino e redondinho, a gostar já de se enroscar na mãe.
Hoje, logo de manhã, ouvi-o, parecia um gatinho...
(Meu deus, o T. tornou tão maior o meu coração, o que me trará mais este sobrinhinho...)

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Shel Silverstein

Ele há livros que abraçam.
Abraçam mesmo.
Deixam um formigueiro a ternura na ponta dos dedos.
(E apetece que tudo seja tão claro e transparente como nestas páginas.)

O livro é de alguém de traço genial, claro - Shel Silverstein.
E esta é uma daquelas que edições que dá gosto ter, pela Bruaá Editora.
Título: Quem quer um rinoceronte barato?
Autor/ ilustrador: Shel Siverstein

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

(em letra pequena por ser meio em segredo)

Detesto pensar as passagens de ano. Existem ciclos em nós, nós (nós-de-nó)que se desatam e novos que se emaranham, mas essa ideia de ano novo perturba-me até à raiz dos cabelos. Ao ponto de brancos (brancos-cabelos) despontarem em mim sem cerimónias. Em fuga à celebração do novo encontrei um filme sobre tantas coisas, mas também sobre um momento que proporciona o desatar de nós (nós-de-nó) entre algumas pessoas. Complico. Gostei da simplicidade, da rotina, da força que surge das pequenas tarefas diários, e da infracção que a comida e o vinho trazem - e que embalam a aldeia numa leveza de embriaguez. A partir do romance de Karen Blixen. Título original: Babette's Feast (1987). Título: A Festa de Babette
Realização: Gabriel Axel.